Hoje me dou o direito de me estender na minha descriçao. Vou filosofar, pois neste assunto encontro minha eudaimonia, minha missão de vida.
Entendam de antemão que não reside nas minhas palavras qualquer crítica ou julgamento àqueles que pensam diferente de mim... Apenas quero falar do turbilhão de sentimentos que transborda do coração de uma mulher cuja única certeza desde a infância era a de querer gestão, parir e amamentar.
Pela manhã registrei este momento mágico que vem se repetindo há quase 4 meses com a Aurora e há mais de 3 anos com o Ricky: a amamentação. Não a amamentação pura e simples, mas aquele momento em que eles reviram os olhinhos de prazer por estarem confortáveis, seguros e nutridos de alimento e de afeto.
Nesta Semana Mundial de Aleitamento Materno, muitas mulheres têm vivido as alegrias e as dores de amamentar ou não. Algumas nunca quiseram isso para si e levam numa boa "terceirizar" a nutrição (algumas avós, tias e madrinhas até festejam poder compartilhar isso).
No entanto, quero refletir aqui sobre muitas mulheres que não levam assim "de boa" não poder amamentar.
O puerpério, conhecido popularmente de "resguardo", é um período difícil de experiências e descobertas. Foi sabiamente chamado assim pois a mulher necessita de proteção, precisa se resguardar de problemas e conflitos (afinal, já bastam os do íntimo dela).
Muitos palpiteiros de plantão tentam ajudar, mas cada um com uma "cartilha" diferente que mais confunde do que ajuda. Muitos conselhos até ferem (Sim, eu já feri e fui ferida).
Muitas encontram dificuldades que vão para além do que seu conselho durante uma visita de cortesia possa resolver.
Ela sabe as dificuldades que tem. Acredite! Mas assumir que necessita de ajuda é difícil e ir em busca dela quase impossível...
Acho que muitas mães carregam os insucessos da amamentação e suas causas ao nível do inconsciente por isso é mais fácil tratar com paliativos do que ir à fundo.
Muitos amigos e parentes estão cansados de saber que atuo com amamentação, que sou ativista da causa, mas ninguém me procura para orientação ao encontrar problemas na amamentação. Talvez por medo de serem julgados (ativistas são vistos como monstros que apontam o dedo na cara, mas não é bem assim. Às vezes, somos nós que não queremos lidar com a dolorida realidade).
Então é mais fácil confiar no "pediatra fofinho" com receita pronta de leite artificial e que, nem sequer, nota a lágrima presa no canto do olho daquela mãe que perde muito mais do que a oportunidade de amamentar...
Ela recebe a receita como um atestado de incompetência como nutriz, ela se frustra com a expectativa que gerou de ser a única a amamentar seu bebê (egoísta? E daí? O bebê é dela e a natureza quis que fosse assim), ela perde até o tempo lavando e esterilizando mamadeiras (inclusive de madrugada) e preparando o leite, perde financeiramente porque o leite é caro, perde a praticidade de amamentar a qualquer hora e lugar entre tantas outras perdas que jamais saberemos pois serão cicatrizes no seu coração.
Mas as cicatrizes se fecham... Até o dia em descobrirão que poderia ter sido diferente, se, ao invés de críticas e conselhos baseados em experiências pessoais e achismos, ela encontrasse uma escuta para suas necessidades e alguém disposto a apoiar e seguir junto com ela, ao lado dela, para onde e como ela desejar seguir.
Enfim, estudar, trabalhar, refletir, vivenciar, errar e aprender com a maternidade me faz feliz. Isso me faz "revirar os olhinhos".
#100happydays #abrindoocasulo #Auroradaminhavida
#SMAM
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